Kelly Jenyfer – @kellyjenyferjornalista
Na quarta-feira (08/05/24), foi ao ar o primeiro programa TV MPA, com as presenças dos jornalistas Mateus Quevedo e Paulo Miranda, da comunicadora popular Camila Borges, e com a participação especial da entrevistada Vanderleia Chitó, uma das lideranças líderes do Movimento dos Pequenos Agricultores no estado do Rio Grande do Sul.
Os efeitos da grave crise climática na agricultura familiar do Rio Grande do Sul foram os destaques do programa que foi ao ar, ao vivo, diretamente dos estúdios da TV Comunitária de Brasília (canal 12 na Claro NET-DF e redes sociais), e em rede nacional pela ComBrasilTV, a tv comunitária brasileira via satélite para mais de 50 milhões de pessoas, em todos os municípios do país, pelos canais 28 da Sky e da OiTV, 3 da ClaroTV, 239 da VivoTV e 20 da Nossa TV.
O jornalista do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Mateus Quevedo, ressalta que tem acompanhado de perto os acontecimentos no Rio Grande do Sul e não demonstra surpresa, pois, segundo ele, os pequenos agricultores têm alertado há muito tempo que o modelo de produção capitalista provoca eventos climáticos extremos.
“Como o Rio Grande do Sul está a serviço do capitalismo, tanto o governo estadual quanto as prefeituras não têm um plano de adaptação para lidar com esses eventos extremos. Por isso, estamos em uma luta para que a agricultura familiar receba assistência e tenha condições de se recuperar para continuar produzindo alimentos”, afirma.
Segundo Mateus Quevedo, o MPA foi fundado em 1996 em um momento em que o sindicalismo rural precisava de renovação, e foi nesse contexto que o MPA surgiu, também em resposta a condições climáticas adversas. “Em 1996, o estado enfrentou uma grande seca que destruiu as plantações de milhares de agricultores. Foi nesse momento de urgência que o sindicalismo se uniu à beira das estradas e deu origem a esse movimento significativo, que nasceu das reivindicações por recursos para salvar as plantações. Esse movimento se uniu a outras iniciativas no Espírito Santo e em Rondônia, expandindo-se nacionalmente”, explica.
O comunicador Mateus Quevedo também destaca que o MPA surgiu com um espírito reivindicativo. “De lá pra cá, temos trabalhado para desenvolver a própria política do MPA, visando contribuir para a construção de um projeto popular para o país e o povo brasileiro. Nossa proposta para o campo brasileiro está relacionada à soberania alimentar e energética, ao controle de nossas sementes, água e territórios, e à participação das mulheres e da juventude, dessa nova geração camponesa que precisa de condições para permanecer no campo”, esclarece.
Outra participante do programa, Vanderleia Chitó, dirigente do MPA, camponesa e feirante, residente no município de Progresso, no Rio Grande do Sul, relata que a situação representa uma perda incalculável para os pequenos agricultores e camponeses.
“Perdemos toda a produção de hortaliças e outros alimentos. Muitas famílias tinham plantações de milho que também foram totalmente perdidas. O rastro de destruição deixado pela água é evidente por onde passou. Aqui na minha região, há um problema sério que tem deixado todos apreensivos: estamos sem energia elétrica há 9 dias”, relata.
Vanderleia Chitó conta que o município onde reside possui uma grande quantidade de suínos e aves que estão sem alimentação. “Não estamos conseguindo escoar essa produção devido à falta de estradas. Estão abrindo novas vias no interior na tentativa de permitir a passagem de caminhões para levar os animais embora, pois não há comida e não há como trazer mais alimento. No entanto, graças a Deus, estamos vivos e com saúde para recomeçar”, menciona.
A comunicadora popular do MPA, Camila Borges, expressa sua angústia diante da situação que o Rio Grande do Sul está enfrentando. “Cresci no Rio Grande do Sul e minha família ainda mora lá. Graças a Deus eles não foram afetados, mas mesmo aqueles que não foram atingidos não estão bem, pois mais de 70% do estado foi afetado por essa tragédia. Tudo isso é resultado de uma má gestão. Essa crise climática vem sendo anunciada há muito tempo e minha preocupação é quando os políticos vão entender e lidar com essa grande questão nos próximos anos, e como vamos sobreviver a tantas tragédias”, lamenta.
Para quem estiver interessado em ajudar o Movimento dos Pequenos Agricultores, basta acessar o site www.mpabrasil.org.br, onde encontrará mais informações sobre como contribuir.
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