*Por Paulo Miranda

Uma bela noite de 13 de agosto de 1997 atraiu os principais lutadores pela democratização da comunicação do Distrito Federal, tendo à frente a diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas, presidida por Américo Antunes, para ver no telão montado pela NET, na época dirigida por Celso Cover, as primeiras imagens saídas de um Super VHS da Promov de Ruy Godinho, na estreia da TV Comunitária de Brasília.

Hoje, 13 de agosto de 2021, faz lembrar este caminho de 24 anos.

Ruy – o dedo de Deus – apertou o play dentro da NET, situada à época em frente ao Sindicato dos Jornalistas.

As primeiras imagens provocaram gritos e aplausos de alegria e de vitória nos presentes no Carpe Diem, na 304 Sul. Afinal estava no ar um desafio ao sistema midiático dominante, a terceira TV Comunitária do Brasil, depois de Porto Alegre e Rio de Janeiro.

O sonho começou com a elaboração da Lei do Cabo, quando obtivemos uma grande vitória com a criação dos canais básicos no artigo 23. A lei foi sancionada em janeiro de 95, mas a primeira reunião para ocupar o canal comunitário só foi realizada em 27 de janeiro de 1996, com 28 pessoas, no auditório do Sindicato dos Jornalistas. Eu convoquei e comandei esta primeira reunião.

Divergências com a direção do Sindicato me levaram a renunciar ao meu cargo de vice-presidente. Na condição de diretor Centro-Oeste da Fenaj, as reuniões passaram a ser realizadas na sede da Federação na 707 Sul, com apoio unânime da direção da entidade.

Ainda na noite de estreia da TV Comunitária de Brasília, eu e Evelin Maciel lançamos o livrinho de nome pomposo: Rede Nacional de Canais Comunitários na TV a Cabo.

A diagramação é do chargista Zé Luís e a impressão contou com apoio de Chico Sant’Anna e patrocínio da NET.

Depois de ocupar espaço dentro da própria NET, a TV Comunitária de Brasília ocupou o Teatro dos Jornalistas no Sindicato dos Jornalistas, na gestão de Edgar Tavares. O teatro foi construído pelo presidente Bartolomeu Rodrigues. E a conexão de fibra ótica NET-TVCom foi financiada por Ulisses Riedel, presidente da União Planetária.

Nestes 24 anos de muita luta e resistência temos muito o que agradecer, especialmente ao Sindicato dos Bancários e ao Sinttel-DF, instituições parceiras desde o início, inúmeras outras instituições e lideranças sociais da cidade, e atualmente ao imprescindível apoio do Sindicato dos Professores do DF.

Temos muito a agradecer também aos deputados distritais Chico Vigilante, Arlete Sampaio, Fábio Félix, Leandro Grass, Rodrigo Delmasso e outros que passaram pela Câmara Legislativa. No Congresso Nacional, nossos agradecimentos vai para a deputada federal Érika Kokay, que tornou possível a volta da Escola de Mídia Comunitária – TV em Movimento.

Temos muito também a agradecer aos secretários de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, e da Economia, André Clemente, ambos do Governo do Distrito Federal.

O sonho de construir uma mídia brasileira forte e alternativa, capaz de corresponder aos anseios de transformação da sociedade brasileira, permanece firme e forte no seio da direção da TVComDF.

Permanece também no seio da Associação Brasileira de Canais Comunitários que, na contramão da pandemia, criou a TV Comunitária do Brasil, a ComBrasil, por satélite, para cerca de 50 milhões de pessoas nos 5.570 municípios, nos canais 28 da Sky e da Oi, 3 da Claro, 239 na Vivo/Embratel e 20 na Nossa TV.

Outro sonho permanece firme e nos leva rumo à ocupação dos canais da cidadania na onda aberta da TV digital, previstos no Decreto 5820/2006 e já regulamentada pela Portaria 489/2012 do Ministério das Comunicações.

No momento, a TV está passando por reforma para oferecer melhor infraestrutura física e tecnológica para quem quer fazer-ser televisão, a fim de fortalecer as múltiplas telas do canal no 12 na NET, no facebook, no instagram, no youtube e no site.

Que venham outros 24 anos e todos os seus desafios pela divisão da riqueza, reforma agrária, saúde, cultura e educação, pela vacina e por #forabolsonaro, a principal pauta dos verdadeiros patriotas brasileiros.

*Paulo Miranda é jornalista, presidente da TVComDF e diretor da TVComBrasil e da ABCCOM.

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